segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Se Bunda… é um “meio” feriado.

Meu sonho de vida é ser Servidor Público. Nenhuma outra profissão neste país vai me dar a sensação de completa e total satisfação profissional devido ao nosso espirito de porco brasileiro concordam? E, creio eu, que esse não é um sonho só meu, não. Muitos por aí devem ter esse mesmo sonho. Podemos dizer que esse é o Conto de Fadas dos adultos, a nossa versão de “quero ser quando crescer”. É aquilo que tomou lugar dos meus sonhos de infância se estabeleceu de forma tão brusca e forte que se tornou quase impossível de ser retirado de minha cabeça.

Como ou quando isso aconteceu, eu sinceramente não faço idéia. Quando eu era criança, meu primeiro sonho foi ser um super-herói, vestir uma capa, uma roupa ridícula, por uma mascara e combater o crime. Mas pouco tempo depois, um pouco mais crescido, descobri que não existem super-poderes e que super-herói não tem salário. O mais próximo de me tornar um super-herói, então, seria me tronando político. Eu teria a roupa ridícula e usaria uma máscara o tempo todo mas teria que apenas fingir combater o mal e nada de capa. Logo, abandonei esse sonho e resolvi partir pra outra.

Decidi então que seria ator. Representar pra mim era o máximo! E eu iria aparecer na televisão! Com sorte, seria galã de alguma novela de horário nobre, teria um fã-clube e a chance de beijar a Luma de Oliveira. Na época, Luma era uma deusa, desejada por todos, um verdadeiro sex symbol! E, além disso tudo, teria um salário. Contudo, fui notando como deve ser difícil ser ator. Decorar textos enormes, saber passar emoções que você não está realmente sentindo e convencer as pessoas que tudo isso é real daria um trabalho enorme. Ainda assim, eu queria a fama. Não pela fama em si, mas pelas mulheres que a fama traz.

Alguns anos mais tarde, quando entro na adolescência, descubro o bom e velho rock and roll. Meu sonho é, então, ter uma banda. Começo a escutar aquilo que minha avó carinhosamente chama de música do capeta: RDB, Rouge, Broz Iron Maiden, Metallica, Steve Vai, etc. Começa, então meu período de rebeldia e parte do meu sonho é mudar o mundo. Tento a sorte com algumas bandas, mas nenhuma dá certo. Fora que a rotina de shows e todos aqueles ensaios estavam me esgotando.

E é exatamente nesse ponto que descubro o que é um Servidor Público e como me tornar um. Em resumo, eu iria ganhar mais do que sonhava e trabalharia muito menos do que esperava trabalhar. Isso sem falar nos dias de folga, como hoje, por exemplo, que está sendo adiantado  a folga do Dia do Servidor Público. E eu não precisaria de super-poderes, não teria que decorar textos homéricos nem passar horas ensaiando em um estúdio. Tudo o que eu preciso fazer é uma prova e a incrível habilidade de enrolar pra realizar qualquer tarefa. “Essa é a tarefa ideal para mim” logo pensei. Teria dinheiro, que traria mulheres e não precisaria me esforçar quase nada.

Notem como, em um instante, todos meus sonhos de infância são esquartejados, mutilados e jogados de lado por este novo e maníaco desejo que brota do fundo da alma preguiçosa do brasileiro. Este desejo, um dos mais imundos, um dos mais nojentos vindo direto do âmago do corrupto sistema capitalista, este monstro que derruba pequenas empresas, leva pequenos empresários à falência e cada vez mais debate sobre globalização. Foda-se o capitalismo! Fodam-se as grandes empresas multinacionais! Foda-se todo o tempo que você perdeu lendo este texto que, aparentemente o maior que eu escrevi até então.

Daqui a um tempo vai ter concurso pra Servidor Público na minha cidade. Minha inscrição já está feita! Torçam por mim, tá?

PS: Feliz dia do Servidor Público e, pra variar, vamos trabalhar um pouquinho, ok?

Um comentário: